Na Grecia antiga, aedo era o nome do cantor popular que versejava sobre os feitos dos herois das grandes batalhas. Alguns deles acompanhavam-se pela cítara ou alaúde, instrumentos de cordas. Os maiores poetas gregos Homero e Virgilio escreviam seus poemas e não possuiam o dom da declamação ou do canto poético como os aedos, eximios improvisadores que na praça pública cantavam os feitos dos heróis gregos em históricas batalhas contra espartanos e persas. O rítmo dedilhado nas cordas da cítara ou da lira, embasavam a eloquência do verso épico ou diluiam-se melodiosamente nas ternuras fimbradas de um lirismo romântico e sonhador. Talvez esteja no aedo toda a ancestralidade do repentista conteporâneo. Quando ouviamos Jaime Caetano Braun, nos transportavamos aqueles cantores inspirados, ternos e eloquentes cantando suas estórias tal qual o Jaime fazia ao cantar nas suas pajadas os feitos de Sousa Neto, de Rafael Pinto Bandeira e de Joaquim Teixeira Nunes.
Para se fazer versos e mais que isso, para a elaboração da pajada se nasce com o dom de versejar e de improvisar. Nos dias hodiernos a proliferação de falsos poetas e pajadores tem infestado a nossa literatura poética diminuindo-lhe a importancia, a beleza e a objetividade de suas mensagens ritmadas e melódicas. Grande parte não sabe construir sonetos ou estrofes simétricas de décimas, oitavas, sétimas sextilhas, quintilhas, e quadras e apelam para a construção do verso moderno dotado de rítmo sem metro e sem rima. Qualquer moçoila ena- morada escreve uma frase, supostamente poética, motivada por uma paixão adolescente ou por uma dor consequente do desprezo. Qualquer rapazelho apaixonado é capaz de elaborar um verso semelhante ao de Fernando Pessoa e discuti-lo, entre a ignorância de ser ou ter sido, um poeta reconhecidamente modernista e antiparnasiano, exímio no verso branco ou verso livre e pobre na poesia acadêmica. O soneto sempre foi nos tempos atuais a forma poética mais dificil de ser elaborada. Não é para o medíocre desenvolver temas de relevância num primeiro quarteto. desenvolve-lo no segundo, proseguir pelo primeiro terceto e fechar com chave de ouro o último terceto levando a comoção àqueles que amam a poesia, tal qual os cantores e poetas gregos nos seus primórdios.
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